Cidade da COP 30 tem mobilizações em defesa da floresta na 'Virada Cultural Amazônia de Pé'
18/09/2025
(Foto: Reprodução) 4ª edição da Virada Cultural Amazônia de Pé
Divulgação
Belém recebe a partir desta sexta-feira (19) até domingo (21) a 4ª edição da Virada Cultural Amazônia de Pé, um final de semana de mobilização nacional focada na luta pela floresta de pé. Espalhada nas cinco regiões do Brasil, a campanha tem o lema "50 Dias para a COP, 50 milhões de hectares a serem protegidos".
O movimento úne artistas, ativistas e a sociedade civil organizada para cobrar do governo federal e dos governos dos nove estados da Amazônia Legal a proteção das Florestas Públicas Não Destinadas (FPNDs). Os nove governadores dos estados da Amazônia Legal receberão ofícios com pedidos de audiência para que o movimento apresente proposta de enfrentamento da crise climática e da gestão das FPNDs.
“A proteção das florestas neste ano de COP30 garante a Amazônia de pé e é fundamental para o cumprimento das metas do Brasil no combate à crise climática. As florestas públicas sob os cuidados de indígenas e quilombolas e como unidades de conservação são parte da solução para o presente e para o futuro do planeta”, diz Kaianaku Kamaiurá, coordenadora de incidência da Amazônia de Pé.
Belém tem 64 ações programadas, incluindo o povo Awaete Assurini, da Aldeia Janerekas, de Altamira, no Médio Xingu (PA), que vai promover no bairro da Cremação oficinas de produção de pomadas e xaropes medicinais com plantas amazônicas como andiroba e copaíba.
Por meio do Instituto Janerakas também haverá cineclube com documentários indígenas e de povos da floresta e ainda oficinas infantis para os pequenos guardiões da Amazônia, além de um mercado de economia solidária.
Já no bairro da Cidade Velha, bem próximo ao famoso mercado Ver o Peso, o restaurante Iacitata Amazônia Viva, liderado pela chef indígena Tainá Marajoara, vai abrigar na sexta (19) um manifesto pela cultura alimentar amazônica e em defesa dos povos da floresta.
Com uma roda de conversa “Amazônia na boca do povo” e apresentações de um coletivo de mestres e mestras do carimbó, ritmo típico do Pará. E no distrito de Icoaraci, o coletivo CHIBÉ vai fazer uma mobilização em feira livre para aproximar o público do território e debater sobre as urgências climáticas de forma acessível e interativa.
"A Virada Cultural Amazônia de Pé é um evento fundamental para ampliar os debates sobre as urgências climáticas e aproximar o público do território. Acreditamos que a cultura e a arte podem ser poderosas ferramentas para inspirar mudanças e promover a conscientização sobre a importância da Amazônia", Andressa D’Agelis, gestora de projetos do Coletivo CHIBÉ.
Por que defender a floresta de pé?
As áreas de floresta que não possuem categoria definida são públicas, pertencem ao povo brasileiro, mas como não têm uso definido, viram alvo do desmatamento, das queimadas, da grilagem, do garimpo, e da violência nos territórios.
“É como se essas florestas estivessem esquecidas no papel, à espera de uma proteção, mas sigam disputadas na prática. As invasões e apropriações ocorrem quando há brecha na lei”, diz Kaianaku.
O Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP) Amazônia de Pé, que prevê a destinação de Florestas Públicas Não Destinadas (FPNDs) no bioma é outro instrumento que será utilizado durante as mobilizações na Virada.
Já foram coletadas mais de 300 mil assinaturas físicas, sendo que é preciso atingir 1,5 milhão de pessoas aderindo à causa, para que seja possível o início de tramitação no Congresso Nacional. A iniciativa popular é uma ferramenta democrática.
Na história brasileira, quatro leis foram aprovadas a partir da ferramenta: a mais notável delas é a Lei da Ficha Limpa de 2010, que proíbe que políticos condenados em segunda instância possam se candidatar novamente. Este caso inspirou o movimento "Amazônia de Pé" a escrever uma proposta que quer proteger a floresta amazônica.
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