Cabelereira denuncia ter sofrido racismo em via pública em Santarém: ‘preta macaca não pode usar cabelo loiro’
02/05/2025
(Foto: Reprodução) Ao g1, Byanca Lavor contou que essa não é a primeira vez que a mesma mulher faz comentários racistas. O caso foi registrado na Polícia Civil e deverá ser acompanhado pelo Ministério Público. Cabelereira denúncia ter sofrido ofensas raciais em via pública em Santarém
Uma cabelereira usou as redes sociais para denunciar ter sofrido ofensas racistas em Santarém, no oeste do Pará. O caso aconteceu na quarta (30) no bairro São Cristóvão.
Ao g1, Byanca contou que estava caminhando na rua com o marido quando parou em um comércio para comprar a janta. No local estava um homem e uma mulher, provavelmente consumindo bebidas alcoólicas no local.
Ao ver Byanca, a mulher teria chamado ela de “preta”. A cabelereira optou naquele momento por não fazer nada e seguir para casa, mas a mulher voltou a ataca-la.
“Quando eu passei, a mulher começa a jogar piadinhas, me chamar de preta, até então eu não liguei. No momento que voltei com meu esposo, ela falou: ‘olha, preta macaca não pode usar cabelo loiro não’. Nesse momento eu voltei e falei: ‘repete’. E ela falou: ‘é isso mesmo que tu ouviu, preta não é para usar cabelo loiro’. O homem que estava com ela levantou, passou a me ameaçar, apontar o dedo na minha cara. O meu esposo filmou tudo que aconteceu”, contou Byanca.
Byanca Lavor sofreu ofensas raciais quando caminhava em via pública com o marido
Redes Sociais
Byanca Lavor acionou a Polícia Militar que esteve no local e orientou o casal a registrar o caso na 16ª Seccional. A cabelereira registrou a denúncia na quinta (1º).
O caso deverá ser investigado pela equipe da Polícia Civil da UIP Santarenzinho e também pelo Ministério Público.
Byanca contou que vai em busca de justiça, pois essa não é a primeira vez que sofre ofensas raciais da mesma mulher.
“Eu me senti ofendida, triste e muito revoltada. Principalmente porque estamos no Século XXI e ainda não conseguimos conquistar o respeito devido. Ainda existe o racismo, infelizmente. Isso machuca, dói, quem sofre com isso sabe o que estou falando. Isso mexe com o psicológico da gente, porque uma pessoa chega e impõe algo que você não pode usar por causa da sua cor. Me senti desrespeitada e é uma situação a qual eu não me coloquei. Eu apenas estava passando e sofri essa agressão gratuitamente, além das ameaças”, contou Byanca.
Cabelereira denúncia ter sofrido ofensas raciais em Santarém
Apoio e repercussão
Ao g1, Byanca Lavor contou ainda que tem recebido muitas mensagens de apoio após a repercussão do caso nas redes sociais. Ela contou que se sentiu acolhida pelas mensagens que tem recebido.
“Muitas pessoas estão me mandando mensagens, de apoio, falando que também sofreram e sofrem racismo. Eu nunca tinha visto isso na minha vida. O racismo está estampado e é nítido, é algo como se fosse normal e infelizmente muitas pessoas têm medo de denunciar”, disse Byanca.
A cabelereira contou ainda que não vai desistir de ir em busca de justiça, não só por ela, mas por todas as pessoas que também já sofreram com o racismo.
“Mas eu vou atrás dos meus direitos e eu quero fazer justiça, não só por mim, mas por muitos que passam o que eu passei”, concluiu Byanca.
No Brasil, o racismo é considerado um crime inafiançável e imprescritível. A Constituição Federal regula as penas e as condutas que configuram o crime de racismo. O agressor pode ser penalizado com pena de reclusão de 2 a 5 anos, além de multa.
Ações do Ministério Público
Quem também foi comunicado sobre o caso de Byanca foi o Ministério Público. Na quinta (1) a vítima procurou o plantão do órgão para comunicar o caso.
A promotora Lilian Braga explica o que uma pessoa vítima de racismo pode fazer ao se deparar com esse tipo de crime.
“Você pode procurar a autoridade policial na delegacia, relatar os fatos, indicar o autor, testemunhas. Essa informação também poderá ser levada ao Ministério Público que cabe também acompanhar através de suas promotorias criminais ou de Direitos Humanos todos os desdobramentos de ações criminosas como essa que violam os direitos humanos”, ressaltou a promotora Lilian Braga.
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